Um dos requisitos mais cobrados no jornalismo é que as notícias sejam relatos neutros e imparciais. Entretanto, existiria a neutralidade e imparcialidade total? Ou apenas graus desses fenômenos? Durante a elaboração da notícia, o jornalista recorre a outros discursos para marcar um ponto de vista, seleciona alguns aspectos do evento que irá relatar, omite outros, destaca uma ou mais vozes para comentar o ocorrido, etc. Ao final, a notícia nunca é dada como um reflexo do real : se todos nós somos constituídos por discursos outros, os quais carregam diferentes valores (BAKHTIN, 1993), o que é reportado na matéria pode apresentar diversas visões de mundo. A partir dessas ideias, nos propomos a realizar uma reflexão sobre a constituição do discurso jornalístico. Para ilustrar o debate realizado, analisamos como o discurso de Lula sobre o PAC foi construído pela Folha de S. Paulo, em um primeiro momento, antes de vir a ocorrer; e, em um segundo momento, após seu lançamento oficial. Esta obra se destina a todos que se interessam em entender o discurso jornalístico a partir de uma perspectiva da linguagem que pressupõe o papel ativo do sujeito na construção do sentido.
